Fernando Anitelli

quarta-feira, 5 de maio de 2010 17:33 Postado por João Vitor Fernandes 5 comentários
Depois de um tempo sem postar o blog dos 4 volta pra falar agora da arte escrita. Mais não quero aqui falar da arte final o texto propriamente dito, e sim de quem o escreve. Depois de muito pensar sobre quem eu iria dissertar resolvi falar de um cara que mistura a sua escrita com varias outras artes. Música, teatro, circo tudo bem coligado com letras e poesias muito bem feitas e que falam muito pra quem le e conhece sua obra.

Fernando Anitelli fundador de duas bandas que eu aprecio e aproveito aqui para deixar a indicação. A primeira é a Madalena 19 e a outra essa mais conhecida do público O Teatro Mágico. Anitelli que alem de escrito e músico também é ator, vem mostrando a todos que é possível fazer arte acessível a todos. Defensor da arte livre tem como projeto junto com vários outros artistas o MPB - Música para Baixar - que é uma ótima forma de divulgação.
As canções e poesias que são apresentadas no show do TM são em sua grande maioria de sua autoria. Textos que falam de amor, cotidiano, política, fé.
Está é minha indicação de hoje.




Vigília
(Fernando Anitelli)

Milagre, milagre!
O milagre que eu esperei nunca me aconteceu,
Mas não ha de ser nada, pois eu sei que a madrugada acaba quando a lua se poe
Os meus sonhos estão todos na UTI
Esperanças já não ha
Os milagres estão todos em coma
E
eu? Eu sigo só, só me resta esperar
Faço vigílias todas as noites, do quintal da minha casa
Eu dou conta de todas as estrelas
Certa vez eu dei falta de uma delas
?cadê a porra da estrela que tava ali??
Ha e uma estrela cadente
Ela e cadente... a estrela.
Eu tive cinco,
Eu tive cinco segundos para fazer a minha prece e fiz, e fiz, e fiz.
Enquanto estava de olhos fechados
Enquanto estava de olhos fechados
Eu imaginava os meus sonhos acordando
Eu imaginava a esperança batendo na porta da minha casa
Enquanto eu estava de olhos fechados a estrela caia
Perdeu a sua luz no fundo do mar
E eu? Eu sigo, só? só me resta esperar
Eu Faço vigílias todos os dias, do telhado da minha casa
Eu dou conta de todas as ondas
Eu torço para que uma delas saia do lugar
Para que eu possa ver brilho de luz no fundo do mar
Brilho de luz no fundo do mar
Estrela a brilhar, sonhos a sorrir, milagres acontecendo
Esperança de pé
Mas não
Mas não ha de ser nada...
Pois sei que a madrugada acaba quando a lua se poe
A estrela que escolhi não cumpriu com meu pedido
Pois caiu no mar e se apagou
Se souber nadar ... Faz o favor...
O milagre que eu esperei nunca...
Quem sabe só você para trazer o que já meu.

IRREVERSÍVEL


Dos filmes que assisti nos últimos anos,poucos se tornaram inesquecíveis.
Entre eles,destaco Irreversível,de 2002.

O filme do diretor Gaspar Noé tem uma história bem simples,mas mostrada de um jeito estarrecedor e único,fazendo com que o filme se torne 8 ou 80 : ame ou deixe-o.
A trama gira em torno do apaixonado casal Marcus e Alex (Vincent Cassel e a lindíssima Mônica Bellucci).Depois de uma briga durante uma festa, Alex vai embora sozinha e numa estação de metrô é brutalmente espancada e estuprada.A partir daí,Marcus e seu amigo Pierre (Albert Dupontel ) começam uma caçada atrás do sujeito que fez isso com Alex.

História simples,até previsível.....não fosse a forma com que ela nos é mostrada:

O filme é contado de trás para frente....nos primeiros minutos do filme nos é apresentada a cena em que Marcus e Pierre estão em uma boate gay,onde encontram o estuprador....esta é uma cena violentíssima,repulsiva até: o estuprador quebra o braço de Marcus e Pierre o ataca o estuprador com um extintor de incêndio, dando-lhe vários golpes no rosto,desfigurando o homem...uma cena perturbadora e nojenta,aliada a música,que faz com que sintamos mais enjôo ainda.
Outra cena,esta uma das mais polêmicas,é a do estupro de Alex.A cena nos é mostrada sem cortes...são aproximadamente 10 minutos de uma cena muito bem feita por Monica Bellucci, mas ao mesmo tempo,igualmente repulsiva e até revoltante.

O grande barato deste filme (para aqueles que resistem a estas violentíssimas cenas) é ver como ele passa de repulsivo a amável.As cenas finais revelam a intimidade de um casal jovem e apaixonado,revertendo toda a ótica de violência apresentada anteriormente.

Desta forma podemos analisar como as pessoas oscilam...como tem a capacidade de amar e odiar ao extremo.
O filme concorreu à palma de ouro do festival de Cannes e merece sim ser visto,mesmo por aqueles de estômago não tão forte,pois já fez história no cinema e assisti-lo é uma experiência única.

por Joyce Domingos